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Marcos Sidnei Bassi

Marcos Sidnei Bassi estudou nas escolas de São Caetano do Sul. Foi secretáqrio da Fundação das Artes e secretário da FAzenda do Município. Estudou ciências sociais no Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES) de São Caetano do Sul, atual USCS. Ingresou como profesor dos cursos de administração no IMES. Cursou pós-graduação em Administração. Foi vice-diretor do IMES e Pró-reitor administrativo da USCS. Imagem do Depoente
Nome:Marcos Sidnei Bassi
Nascimento:29/04/1962
Gênero:Masculino
Profissão:Administrador / Professor
Nacionalidade:Brasil
Naturalidade:Santo André (SP)

TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DE MARCOS SIDNEI BASSI EM 04/07/2018

Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
Núcleo de Pesquisas Memórias do ABC e Laboratório de Hipermídias
Depoimento de Marcos Sidnei Bassi
São Caetano do Sul, 04 de julho de 2018, 56 anos
Pesquisador: Luciano Cruz
Equipe técnica: Não identificado
Transcritor: Bruno Paulino Rodrigues

 

Pergunta:
Gostaria que o senhor dissesse seu nome, idade, igual o padrão de todas as nossas gravações.

 

Resposta:
Marcos Sidnei Bassi, nasci dia 19 do quatro de 1962, nasci aqui em Santo André.

 

Pergunta:
Eu gostaria que você falasse sobre seu período aqui como reitor da USCS.

 

Resposta:
Às vezes temos de abstrair e olhar um pouco mais distante, já que o dia a dia nos consome, então não temos noção, então às vezes eu olho para trás e fico bem satisfeito com o andar da escola, claro que não é um projeto pessoal, não foi mérito de um, mas sim de vários, mas demos um salto. No eu segundo mandato deu muito bom, mas acho que demos um salto, assim, em termos de procedimentos internos, de infraestrutura, tecnologia, acadêmico, tem os tokens agora, o sistema de presença que avançaremos no formato, enxugamos muito a estrutura da escola e melhorou até o nível hierárquico, agora ficou mais fácil até de se comunicar, do ponto de vista é um ganho grande, que acho que tem a ver com a procura dos alunos pela ouvidoria, poder ouvir deles como representante, as demandas, problemas, tem sido muito construtivos. Enxergamos já problemas sérios, crônicos, conversando com representante, e é importante, tira um pouco do autoritarismo. Me formei aqui e posso dizer, essa escola sempre foi muito autoritária, o aluno sem razão, e isso causava um desequilibro, isso deixava a relação ruim, sem como reclamar, e como eu falo, pensar na escola e aluno, pois o aluno que chama os outros, é o que mais acontece, e melhoramos no indicador, a ouvidoria foi importante. Os crescimentos do curso, medicina, um ponto de flexão importante, um puro patamar para instituição e traz cursos de saúde, então é um outro nível, e quero seguir esse caminho.

 

Pergunta:
E como foi a opção do curso de medicina?

 

Resposta:
Poderia dizer que foi planejado, mas não, estamos até participando de um processo estratégico organizado, o que não tínhamos. Nasceu de uma conversa minha com o Sandro sobre medicina [5'], e eu falei que abriríamos. Chamamos o Lucio, fizemos o projeto e foi rápido. O mesmo da ida de São Paulo. O louco que da a ideia, o que segue e vai assim, mas não é um método bom, mas acabou dando certo, até tem um lado pessoal disso, tomo muita decisão pelo que eu acho bom, a minha precisão, e eu tomo muita decisão disso, pois sou muito avesso, mas é importante, pois garante muita coisa, e por mais de ter de ver coisa, é algo que faço e um legado que quero deixar.

 

Pergunta:
A ideia daqui, e até após você falar, é importante dizer isso. O senhor pode olhar para mim mesmo, mas agora vamos falar sobre o senhor conhecer a trajetória. Pode me dizer como que ela chegou, a trajetória, em sua opinião, coisas importantes que ocorreram.

 

Resposta:
Então, é mais uma questão de sermos mais organizados, mais conhecidos fora, até por abrir algo em São Paulo, mais conhecidos no conselho de educação, como referência, até em municipais, e quando criaram essa organização viramos referencias em tudo, e muitas criaram medicina após a gente, e acabaram criando métodos iguais, e é mais organização, nos esforçamos na internacionalização, e esse antecipando, é algo que eu gostaria, deste caminho sem volta, a gente precisa ter mais mobilidade internacional, vai encorpar aqui, estamos recebendo uma professora de Colina, nossa primeira experiencia assim, um aluno de medicina de Nápoli, ficará três meses, estamos iniciando um processo sem volta de internacionalizar.

 

Pergunta:
E isso de ser referência, como no conselho, e internacionalização, receber professores de fora, e parece que estão muito interligados. Poderia dizer sobre as instituições?

 

Resposta:
Então, como eu disse, há quatro anos fundamos a associação das escolas municipais[10'], o que foi um ganho grande para as municipais, e eu tenho até colocado com o presidente do conselho, o governo do estado pode considerar-nos do conselho, pela mercantilização ensino, te uma lógica do capital, se vai ter de otimizar o lucro vai ter de ter cortes e reduzir pagamentos, colocar coisas a distância, minimizar cursos para maximizar lucro, e particulares fazem isso, e com essas, acho que o governo, através do conselho e das municipais ter lucros, e somos 28 associadas que poderíamos ser polos de acesso, e estão enxergando isso, tem ajudado, temos feito gestões, um dos projetos está sendo feito, formação de professor, pois muito se fala de professor, e queremos formar professor com uma bolsa de estudos durante o dia, residência pedagógica de noite, esse sistema está sendo detalhado e podemos talvez botar em ação ano que vem, e temos muitos outros, tentar fazer presença medica, temos tentado melhorar ao máximo, estamos propondo um indicador de qualidade de municipais, pois quando vamos ver não somos escolas e grande expansão territorial, precisamos medir isso, e até que façamos interlocução, pois quando nos chamam perguntam da qualidade, e até por conta disso, e de se avaliar, por saber que nem tudo é excelente, estamos criando esse sistema de qualidade. Nesse caminhar, descobrimos que possuem mais municipais, Santa Catarina, Pernambuco, e estamos com mais organizações, falando com o MEC, buscando verbas, e tem uma organização americana, que tem um dado interessante, que o Brasil está meio fora, e tem na Colômbia, argentina, de colocar os objetivos da ONU dentro dos cursos e ambiente do ensino superior, e é engraçado, pois há dois anos atrás, com todo conhecimento, foi a primeira vez que vi sobre esse assunto, na Colômbia, está na escola, na política deles, no MEC deles, o objetivo é definido, e colocaram isso na universidade[15'], então acho que nisso o Brasil está meio deslocado, então essa tarefa eu quero desenvolver. Estamos trazendo agora, o Pedro Hernandes, o presidente da UNESCO, da América Latina e Caribe, e vamos ver como implantar isso, para ver mesmo, e abrir de fato as portas. Agora saímos de São Caetano e queremos nos expandir para a América.

 

Pergunta:
Tem mais algum tópico que o senhor queira registrar?

 

Resposta:
Eu penso assim, tem alguns campos que quero, e é um caminho interessante nessa via de campus fora de sede, com parceria, e ligar atividades da instituição, ligar tudo, o nosso DNA, e essa interlocução pode ser um caminho da universidade crescer. Para mim numa boa universidade teria uns 13 mil alunos, isso beneficia a instituição para essa geração poder manter os programas, e ao mesmo tempo não perder isso de ter mais contato com o aluno, quero manter nesse patamar, e crescer além daqui. Pedimos Itapetininga, Guarulhos, etc, e até quando fomos ao conselho causou um estresse, pois não sei se podemos pedir mais por sermos de São Caetano, mas fomos para São Paulo ficamos surpresos. Fomos os primeiro e causaram ruídos nas privadas, mas fomos e agora causou um estresse, e eu disse que quero participar da solução, já que São Paulo poderia inverter o jogo, contrapor oi ensino e fazer frente com as municipais, um lucro maior, o estado poderia olhar para nós como ensino de qualidade, e devolvi o problema para ela, disse que iria trazer solução. Esse formato pode ser importante.

 

Pergunta:
Só para finalizar, dentro de sua trajetória, o senhor ficou em grandes projetos, seja e curso, internacionalização e um projeto grande, PPP.

 

Resposta:
Esse projeto está sendo feito, e quando foi feito[20'], que eu havia recebido um e mail do Bruno, recebi um e mail falando de me apresentar, mas eu marquei mesmo não marcando muito, ele veio e falou que era uma boa ideia. Fizemos uma PMI, sem custo, e a ideia é essa, além do prédio agregar a gestão da área meio da universidade, pois sabemos que essa área é meio difícil, área 8666, demoras, avaliação do serviço é complicado, e passar limpeza, manutenção., passaríamos para elas, que também faria a gestão. Isso nos daria mais tempo para cuidar da área acadêmica, pois como é uma empresa privada, vai poder comprar essas coisas. Vai ser muito mais rápido, e vai ser um ganho muito grande, para o alunado também, elevador, etc, e o que tem a ver com a aula? O aluno insatisfeito com banheiro, por exemplo. Já mostramos o resultado, agora o edital, e isso pode ser um ganho para a gestão. E vai ser uma coisa inovadora.

 

Pergunta:
Mais alguma coisa para falar?

 

Resposta:
Não, apenas isso. Muito obrigado!

 

Lista de siglas:
MEC: Ministério da Educação
ONU: Organização das Nações Unidas
PPP: Parceria Público-Privada
PMI: Project Management Institute


Transcrição do Depoimento de Marcos S. Bassi em 06/07/2005
 

Depoimento de MARCOS SIDNEI BASSI, 43 anos.

Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 06 de julho de 2005.

Núcleo de Pesquisas Memórias do ABC 

Entrevistadores: Priscila F. Perazzo e Danielle Barbosa.

Transcritores: Meyri Pincerato, Marisa Pincerato e Márcio Pincerato

 

Pergunta: Por favor comece falando a data e local de seu nascimento e um pouco sobre a sua infância e sua família.

 

Resposta:

Nasci no dia 29 de abril de 1962, em Santo André, mas sempre morei aqui na Vila Barcelona, mas nasci na Beneficência Portuguesa de Santo André. Passei a minha infância inteira nessa região, brinquei nessas ruas todas, estudei no Fortunato, depois no 28 de Julho, depois fui para o Instituto.

 

Pergunta: Como era o Bairro Barcelona na década de 60?

 

Resposta:

Era super tranqüilo. Não tinha tantos comércios, pelo menos na parte onde eu morava, na Rua Taipas. Depois fui morar na Rua Maceió, depois voltei a morar na Rua Taipas, depois fomos para a Rua João Luiz, que é essa rua pequena perto do parquinho, voltei para a Taipas. No início era bem mais tranqüilo do que é hoje, com bem menos trânsito. Eu brincava na rua direto.

 

Pergunta: Seus pais faziam o quê?

 

Resposta:

Meu pai sempre trabalhou numa empresa em São Paulo, na área de compras de uma construtora. Minha mãe era do lar, ficava em casa, vendia roupinha de criança, vestidinhos, para fazer um biquinho em casa.

 

Pergunta: E na sua adolescência, nos anos 70?

 

Resposta:

Era sempre por aqui.

 

Pergunta: Você freqüentava o centro de São Caetano?

 

Resposta:

Ficava mais por aqui. Quase não ia ao centro de São Caetano. Só para ir ao cinema.

 

Pergunta: A qual você ia?

 

Resposta:

Ia ao Vitória, no outro que tinha onde é uma igreja, perto das Casas Bahia, no Max, no Lido, no Colonial, na Rua Amazonas.

 

Pergunta: Tinha cinema na Vila Barcelona?

 

Resposta:

Tinha, ali na Cooperhodia, O Clube. Assisti Bambi, apesar do filme, mas foi o primeiro filme que assisti foi nesse cinema da Rhodia. Depois vi Aeroporto 75, Tubarão, essas coisas assim.

 

Pergunta: Guerra nas Estrelas?

 

Resposta:

Esse foi em São Paulo.

 

Pergunta: Eram muitos os cinemas da região?

 

Resposta:

Tinha bastantes cinemas, mas depois eles foram fechando.

 

Pergunta: E as escolas?

 

Resposta:

Estudei 8 anos no 28, depois fui para o Instituto, onde fiz o colégio técnico em eletrônica, depois fiz um ano de geografia na USP, não gostei e larguei, fiquei parado e depois entrei no IMES em 1984 e fiz ciências sociais. Eu acabei dando aula para a última turma desse curso, que foi em 1989, o quarto ano da última turma de CPS que teve na escola.

 

Pergunta: Mas do 28 de Julho, você se lembra das professoras?

 

Resposta:

Dona Dita, da primeira série, me marcou muito.

 

Pergunta: Você foi alfabetizado com alguma cartilha?

 

Resposta:

Sim. Eu não lembro o nome.

 

Pergunta: Os professores eram mais jovens ou mais velhos?

 

Resposta:

Nessa época do 28 acho que era meio a meio. Tinha o pessoal mais velho, mas também tinha gente mais jovem, os professores de matemática. Acho que equilibrava.

 

Pergunta:

Depois você foi estudar no Instituto.

 

Resposta: Fiz colégio técnico em eletrônica.

 

Pergunta: Era normal o professor indicar leituras?

 

Resposta:

De livros fora, tipo romances? Lá era pouco. Aqui no 28 recomendam mais. Inclusive tinha uma professora de português que indicou Herman Hess, que naquela época era alguma coisa meio fora de padrão.

 

Pergunta: E no Instituto era colégio técnico?

 

Resposta:

Sim, talvez até por isso que não tinha tanta coisa. Acho que era só no primeiro ano que tinha português e o enfoque era mais na área de eletrônica.

 

Pergunta: E como era a relação com os colegas? Como eram as brincadeiras?

 

Resposta:

Tenho amigos que ficaram até hoje: Fernando Rodrigues que trabalha na Folha; o Willian que é um amigo que foi para o interior e até hoje a gente se fala, muita gente. E do 28 nós fizemos um encontro, três anos atrás, porque a última vez que vi todo mundo tinha sido em 1976. Nós nos encontramos numa pizzaria e revimos o pessoal e foi interessante.

 

Pergunta: (Inaudível)

 

Resposta:

O pessoal mudou. No 28 tinha as fotos do pessoal na época da escola e você vê como todo mundo mudou.

 

Pergunta: Desse grupo da escola, que participaram do encontro, tem algum que ganhou expressão?

 

Resposta:

Desse grupo tem o Hamilton Lacerda, que é da cidade. Eu não estudei com ele, mas com a irmã dele os oito anos, mas ele participava porque ele estudava uma série anterior à nossa, e sempre tivemos contato. Tem pessoal que foi trabalhar em indústrias químicas, em indústrias grandes.

 

Pergunta: Você é descendente de italianos?

 

Resposta:

Meu bisavô era italiano.

 

Pergunta: O seu pai e a sua mãe já estavam em São Caetano há muito tempo?

 

Resposta:

Eles vieram na década de 50, mais ou menos.

 

Pergunta: Então eles não são daqui?

 

Resposta:

Não. Meu avô nasceu em Jundiaí e depois foi para o interior, Álvares Machado; minha mãe é de Presidente Bernardes, mas vieram a se conhecer aqui.

 

Pergunta: Por que eles vieram para São Caetano?

 

Resposta:

Oportunidade de trabalho. Meu pai veio sozinho, na frente, depois vieram os irmãos dele, meu avô. Ele veio para trabalhar.

 

Pergunta: Você fez eletrônica e depois fez faculdade de ciências sociais e geografia. Como foi essa mudança?

 

Resposta:

Dei uma guinada para humanas. Eu fiz o técnico assim, sei lá, para ter uma profissão técnica, mas nunca tive vocação para a coisa, mas fiz o curso e aí me interessou mais a área de humanas e fui buscar geografia, mas também foi um curso que acabei não me identificando muito, e um dia eu ia fazer vestibular aqui para economia, mas vi CPS, sociais, vi o conteúdo e fiz ciências sociais.

 

Pergunta: Como era o IMES nessa época?

 

Resposta:

Era uma escola boa e bem-vista e já com um nome razoável. Todo mundo reconhecia como uma boa escola, principalmente na área de administração e economia. O curso de ciências sociais, na verdade, fiquei conhecendo aqui mesmo, na rampinha. Fui entrando e lá tinha uma placa com as matérias e acabei conhecendo o curso e optando por ele.

 

Pergunta: (Inaudível)

 

Resposta:

Tinha 50 vagas. Até o Marcos da AVAPE é da minha turma. Ele até brincou que no vestibular só tinha 48 pessoas e era só não zerar, porque era um curso que a procura já estava diminuindo. Tanto que se formaram 19. Entraram 47 e terminou em 19 pessoas.

 

Pergunta: Você se lembra como era a prova, se era de preencher ou perfurar?

 

Resposta:

Não me lembro. Acho que era de preencher bolinha.

 

Pergunta: Mas já era com correção informatizada?

 

Resposta:

Não sei como era. Eu acho que não, porque depois eu trabalhei no vestibular e a gente corrigia a mão. Acho que não era informatizado. Tinha um gabarito e a gente contava mesmo.

 

Pergunta: (Inaudível)

 

Resposta:

Eu não sei, mas quando eu estava no curso de eletrônica eu cheguei a fazer um curso de programação aqui, nessa linguagem que eles usavam aqui, mas não sei se tinha relação com o vestibular.

 

Pergunta: Você já trabalhava nessa época?

 

Resposta:

Eu trabalhei no finalzinho do curso de eletrônica, no Bamerindus, no CPD do Bamerindus, onde era feito o processamento das agências à noite. Eu trabalhava da meia-noite às seis. Na época eu estava no Instituto e fazendo um cursinho e eu saía do cursinho e ia direto para o trabalho e trabalhava à noite. Era na esquina da João Pessoa com a Amazonas. Acho que não está mais lá.

 

Pergunta: Como era o seu serviço?

 

Resposta:

A gente separava a documentação para a digitação. Vinha o movimento todo, a gente separava os documentos, preparava, para mandar para a digitação, aí a pessoa digitava, voltava para nós e a gente embalava aquilo e tinha uns malotes enormes, de todas as agências e mandava de volta para a agência.

 

Pergunta: Você nunca trabalhou com programação?

 

Resposta:

Não. Eu trabalhava na separação de documentos. Fiquei um período, uns seis ou sete meses, depois entrei na USP, depois fui trabalhar no Itaú, também nessa área de CPD, de preparação de documentos. Depois saí e fui trabalhar na Fundação das Artes. Talvez até por isso eu tenha ido mais para a área de humanas.

 

Pergunta: E como foi a Fundação?

 

Resposta:

Foi ótima para trabalhar. Ganhava nada, mas era maravilhoso.

 

Pergunta: Não ganhava nada?

 

Resposta:

O salário era muito baixo, mas era super bom. Trabalhei no almoxarifado e na secretaria. No período do almoxarifado era à tarde e à noite e depois, quando entrei aqui, porque da noite eu passei a trabalhar de manhã e à tarde, mas como o volume não era tão grande, eu tinha muito tempo de leitura, participava das peças, ajudava a fazer a parte de sonoplastia das peças. À noite a gente tinha um ciclo de cinema que eu passava. Eu vi muitos filmes alemães, Herzog, os franceses. Culturalmente foi muito produtivo esse período. Fiquei três anos lá.

 

Pergunta: Foi a época de quem na Fundação?

 

Resposta:

Peguei o finalzinho do Milton Andrade, aí ele saiu e entrou o Roberto Manzo, que chegou a falecer depois.

 

Pergunta: E os professores de teatro, de dança, você se lembra?

 

Resposta:

O Frota dava aula lá, a Cássia Kiss era de lá também. Na área de música tinha muitos maestros que davam aula lá. Tivemos muitas exposições de arte na década de 70, que eram uma referência. Ainda é hoje, mas naquela época era muito mais, tanto de música como na produção de arte.

 

Pergunta: Você trabalhou em que ano?

 

Resposta:

Eu trabalhei lá de 1982 até 1984.

 

Pergunta: Você nunca subiu ao palco?

 

Resposta:

Não tenho essa vocação. Só ficava atrás, fazendo a sonoplastia das peças dos alunos de teatro. Eu ajudava a fazer. Tinha peça que acabava ficando em cartaz, mas não fiz nada na frente do palco.

 

Pergunta: Tinha muitas mulheres?

 

Resposta:

Tinha.

 

Pergunta: E no IMES como foi o curso de CPS?

 

Resposta:

Foi um curso bem interessante. O que tinha acontecido com esse curso? Ele já tinha sofrido algumas modificações porque havia reclamações que os alunos não conseguiam emprego depois de formados e eles começaram a colocar matérias de administração no curso, então a gente tinha uma carga bem grande de administração. Não tivemos uma formação muito forte, não era um curso só de ciências sociais. Ele tinha matérias de administração voltadas para recursos humanos, que era uma área que se entendia na época que o sociólogo podia trabalhar. A gente tinha matérias do tipo de treinamento de pessoal com o Eduardo Oliva, com o Joaquim, nessa área de administração, mudança organizacional que era com o Osni, que foi quem me trouxe para cá para dar aula.

 

Pergunta: (Inaudível)

 

Resposta:

Tinha a Neide, que dá aula até hoje, o Gil, que dava metodologia, tive aula com ele dois anos, o Oziris, tive aula com ele três anos, a Palmari Gislandi, que faleceu, que dava aula de sociologia, Gilberto Alves.

 

Pergunta: Que leituras de sociologia vocês faziam?

 

Resposta:

Nessa época era tranqüilo, já tinha sido a abertura. Era Marx; os clássicos.

 

Pergunta: E isso era localizado em uma disciplina ou se espalhava pelo curso todo?

 

Resposta:

Era mais em sociologia, que tinha em todos os anos.

 

Pergunta: O curso de sociologia também, apesar de ter a parte voltada à administração, mas mesmo na parte de sociologia estava meio formatada para uma região industrial?

 

Resposta:

Eu acho que sim. Na concepção original do curso sim, porque era a vocação nossa. Mas mesmo assim a gente acabava reclamando, como aluno, que era um curso meio livre que não era nem tanto sociologia e nem tanto administração. Naquela época o aluno reclamava mais. Sempre faço esse pensamento, porque hoje estou do outro lado e sei que a gente reclamava bastante dos professores. Nós fizemos greve. Hoje me vejo em outra posição e penso que foram até atos irresponsáveis. Lembro que uma vez teve uma greve onde nós dominamos os professores, falávamos críticas.

 

Pergunta: A greve era por causa da mensalidade ou pela qualidade de ensino?

 

Resposta:

Pela qualidade. A mensalidade até que na época não era tão grande. Apesar de que nas discussões sobre a mensalidade havia uma participação forte de todo mundo. As assembléias eram no pátio do Prédio B e lotava o pátio, todos os alunos lá e isso mobilizava sim. Era uma coisa grande e as discussões eram mais vívidas. Eu me lembro de situações em que o Sílvio era diretor e teve confronto, invasão da diretoria, coisas que hoje não há.

 

Pergunta: Alguém foi expulso?

 

Resposta:

O rapaz que invadiu, que estava na frente, acabou sendo empurrado pela multidão e foi o primeiro a ser expulso, porque foi o primeiro a ser lembrado na situação.

 

Pergunta: Alguns falavam que os alunos de ciências sociais que faziam, que mobilizavam mais?

 

Resposta:

Sempre.

 

Pergunta: Os alunos de administração não participavam?

 

Resposta:

Não. Eles eram sempre tranqüilos e nunca participavam, eles nunca iam à frente do movimento. Quem realmente fazia barulho na escola eram os alunos de ciências sociais.

 

Pergunta: Mas isso era talvez por conta de eles terem uma experiência mobilizadora ou pelo curso de ciências sociais ser diferente?

 

Resposta:

Acho que o cara que vai fazer ciências sociais já tem uma postura mais crítica e talvez procure o curso e também no curso ele acabe desenvolvendo isso. Mas quando tinha algum movimento, quem ia à frente era o pessoal de ciências sociais, que saíam, que faziam abaixo-assinado, que ligavam, que discutiam aí na frente. E vi várias discussões. A primeira vez que vi o Marco Antônio foi discutindo no pátio com um aluno.

 

Pergunta: Ele já era professor?

 

Resposta:

Sim. A primeira vez que vi o Moacir e ele, que era o diretor na época, discutindo no pátio com um aluno de ciências sociais. Foi na primeira vez que vi o Marco Antônio.

 

Pergunta: Você fazia parte do DCE, da Atlética?

 

Resposta:

Não.

 

Pergunta: Quanto ao pessoal da Atlética, vinha muita gente para ciências sociais?

 

Resposta:

Não. Era separado. Inclusive era crítica que o DCE era uma coisa, a Atlética era separada. Sempre foram meio isolados, nos campeonatos deles. Eles não gostavam de se misturar com o pessoal do DCE. O DCE sempre foi mais político.

 

Pergunta: No seu tempo de estudante você acompanhava os campeonatos?

 

Resposta:

Não era minha área.

 

Pergunta: Você pode dizer qual era a importância do DCE nesse período, e também hoje, qual a importância dele na faculdade?

 

Resposta:

Sempre foi um contrapeso interessante o DCE. Ainda é hoje, apesar de ter mudado a natureza das reivindicações, mesmo até a veemência como se discute, mas até hoje o DCE é extremamente importante, como era também no passado. É que no passado ele aparecia mais, eles mobilizavam mais e tinham mais confrontos com a direção da escola. Hoje não tem tanto, mas tem reuniões. Hoje a gente recebe o DCE, discutimos mensalidades no final do ano, eles trazem reclamações das salas através dos representantes, se fala da qualidade dos cursos. O DCE sempre foi importante e é um contrapeso fundamental, porque se não você começa a achar que está fazendo tudo certo. Você sempre tem de ter alguém de fora falando que não é assim, falando quais são os problemas, indicar. É que naquela época a postura era um pouco mais de conflito e hoje é mais amigável, mas a contribuição é, foi e ainda é, fundamental.

 

Pergunta: É que teve uma época em que o movimento estudantil estava bem forte no Brasil e já tinha também a crítica contra o governo. Mas o movimento estudantil não é mais o mesmo de 20 anos atrás. Mas ainda assim é fundamental. E de forma geral o perfil dos alunos, faixa de idade, classe social, eram trabalhadores?

 

Resposta:

De ciências sociais a maioria trabalhava e a idade já não era, eu era um dos mais novos, então a média de idade era mais alta. Também não sei dizer exatamente. Eu fiz meio ano de Instituto, depois fiquei um ano na USP, um ano parado e depois que entrei. Mas de forma geral, a faixa etária era mais velha do que nos outros cursos.

 

Pergunta: Eram pessoas casadas?

 

Resposta:

Sim, com família.

 

Pergunta: Você pegou o período do vespertino também?

 

Resposta:

Peguei. O nosso só tinha à noite, por causa da procura. Não tinha vespertino.

 

Pergunta: Era mais para administração?

 

Resposta:

Era administração, comércio.

 

Pergunta: E tinha alguma conversa, vocês falavam alguma coisa, de uma época bem posterior, da estátua? Vocês ouviam alguma história sobre essa estátua aí da frente ou ninguém dava bola para isso?

 

Resposta:

Na minha época de estudante não. Depois, quando houve a reforma, que aí tiraram do estacionamento e começaram a fazer o Prédio A, depois ela ficou lá, aí o próprio Agenor pegou para reformar e depois ele veio a falecer e ficou meio esquecida nesse meio tempo e outra pessoa foi reformar. Mas não me lembro de comentários sobre a estátua.

 

Pergunta: Não teve coisa de parar a escola para mudar a estátua?

 

Resposta:

Não.

 

Pergunta: E quando você se formou?

 

Resposta:

Eu me formei em 1987. Quando eu me formei eu me perguntei o que fazer, porque já estava trabalhando na Secretaria da Fazenda. E o que aconteceu? O professor Osni, que me deu aula no último ano me chamou para trabalhar na consultoria dele, porque ele estava com um projeto de reforma administrativa para o Quércia. E um dos itens dessa reforma era o quadro de pessoal. Como eu trabalhava nisso, elaborava a folha de pagamento para o Estado, ele me chamou para trabalhar nisso. Eu saí do Estado para trabalhar nessa empresa de consultoria, por um período determinado, até terminar esse projeto. Depois acabei ficando. E conversando com ele, ele achou interessante que eu fizesse administração. Aí terminei em 1987 o curso de ciências sociais e comecei a fazer administração em 1988. Fiz lato sensu aqui.

 

Pergunta: Você fez o curso normal?

 

Resposta:

Eram dois anos de curso.

 

Pergunta: A sua especialização é em administração?

 

Resposta:

Sim.

 

Pergunta: Você falou que no curso de ciências sociais já tinha matérias voltadas à administração. Você chegou a se interessar mais por elas nesse tempo?

 

Resposta:

Eu percebi um pouco até pragmático trabalhar nessa área, porque não via muito futuro trabalhar na Secretaria da Fazenda. Eu achei que fosse interessante fazer alguma coisa nessa área de administração também por conta desse emprego.

 

Pergunta: E aqui você entrou quando?

 

Resposta:

Entre 1988 e 1989, nessa matéria, mudança organizacional que o Osni deixou, me apresentou e acabei sendo contratado.

 

Resposta:

Era por concurso?

 

Resposta:

Não. Era contratado. Depois acabamos fazendo um concurso para regularizar, depois da Constituição. Acho que foi em 1994 que teve o concurso.

 

Pergunta: E você dava aula de administração?

 

Resposta:

Comecei no CPS e depois eu fui, porque eu tenho mestrado em administração, isso em 1990, e comecei a dar aula de administração 1, PGA, comecei nessas áreas.

 

Pergunta: Onde você fez o mestrado?

 

Resposta:

Fiz na GV, de 1990 a 1995. Usei tudo que tinha direito de prazos e na véspera entreguei a dissertação. Bons tempos.

 

Pergunta: E como é a sua experiência como professor? Agora as impressões inversas, como eram os alunos?

 

Resposta:

Então, nunca tive problemas nessa relação. Eu tenho um problema de timidez, sou uma pessoa tímida, então para dar aula é uma coisa complicada. Todo ano era a mesma coisa, como se estivesse sendo a primeira vez. Isso demorou muito tempo, acho que sete anos, para me acostumar, porque todo começo de ano era problema. Eu ficava um tempo sem dar aula e eu entrava na mesma sensação de como se fosse a primeira vez que estava entrando em sala de aula. Sempre tive esse problema de timidez para entrar em sala de aula. Você falou do teatro, eu nunca fui um cara muito de frente, mas sempre prefiro ficar nos bastidores. Não tenho facilidade com essas coisas.

 

Pergunta: E você dava várias disciplinas diferentes, não é?

 

Resposta:

Eu dava, porque pela formação eu dava sociologia geral, sociologia aplicada a administração, PGA, depois mudou para tecnologia da administração, depois desmembrou para administração 2. Eu sempre dei essas matérias.

 

Pergunta: Você dava aula para o curso de economia?

 

Resposta:

Dava também, porque tinha aula de administração, de comércio. Dei aula de computação também.

 

Pergunta: Nesse tempo que acabou o curso de ciências sociais você ficou só na administração?

 

Resposta:

Economia, comércio, depois veio ciências da educação e depois que acabaram criando esses vários outros cursos?

 

Resposta: Como comunicação?

 

Resposta:

Exato. Aí abriu publicidade, jornalismo, rádio e depois veio educação física, saúde e agora tecnologia.

 

Pergunta: No final da década de 90, eu lembro...

 

Resposta:

... Aí reduziu um pouco as aulas.

 

Pergunta: Aí você teve um trabalho com administração pública?

 

Resposta:

Por conta desse trabalho que fiz na Secretaria da Fazenda, nesse projeto de reforma administrativa, angariei experiência nessa área de administração pública e por conta disso que acabei indo para essa via de assessoria de recursos humanos na primeira gestão do Tortorello.

 

Pergunta: Tinha alguma coisa a ver por você ser professor concursado?

 

Resposta:

Não. Eu tive um contato com ele na UniABC quando ele montou o curso de direito lá, quando ele era o diretor, eu fui dar aula de sociologia para o primeiro ano do curso de direito e ele dava direito civil. Em função desse contato a gente acabou se conhecendo, tendo amizade, e ele me chamou para trabalhar nessa época.

 

Pergunta: Quanto tempo você ficou?

 

Resposta:

Fiquei dois anos na Prefeitura nessa época.

 

Pergunta: Teve um tempo em que você foi chefe de departamento?

 

Resposta:

Também. Foi em 1999, mais ou menos.

 

Pergunta: E aí deu para entrar o professor de administração no departamento? Como ficou?

 

Resposta:

Já estava esvaziado, porque houve um momento em que ficou o chefe de departamento mais o coordenador do curso, então acabou; chefe de departamento tem uma importância grande, porque agrupava as pessoas, só que depois da mudança começou a ter o coordenador de cursos e passou a ter mais importância essa função. Mas conviviam os dois até que acabou a chefia de departamento sumindo e ficou só a coordenação de cursos. Quando eu assumi já tinha um papel mais secundário a chefia de departamento, que era mais para discutir os assuntos relacionados à área mesmo, não era mais a gestão propriamente das coisas, que ficou mais a cargo do coordenador de cursos, nessa mudança organizacional.

 

Pergunta: Tem alguma coisa interessante nesse tipo de trabalho?

 

Resposta:

Não me recordo de nada expressivo, até porque estava acabando.

 

Pergunta: E qual era a sensação de um professor de carreira chegar numa chefia de departamento?

 

Resposta:

Era mais o reconhecimento do trabalho que você estava fazendo. O próprio chefe do departamento indicava a seqüência e trabalhava junto com os outros membros da chefia. Era um trabalho que dependia da confiança de quem estava na instituição, do aval. As chefias de departamento sempre foram negociadas. Poucas vezes houve uma disputa, com eleição.

 

Pergunta: A eleição era feita pelo próprio chefe?

 

Resposta:

Sim. Aí com a mudança para a coordenação acabou, mudaram os critérios e agora é uma escolha do próprio reitor.

 

Pergunta: E daí para a vice-diretoria?

 

Resposta:

Então, em função até desse contato com o Tortorello, como era o Prefeito que fazia a escolha, até por força disso, pelo tempo em que eu estava aqui, e com o Marco Antônio eu já trabalhava há muito tempo com ele, já ajudava na área administrativa desde quando ele era vice-diretor. O Moacir era o diretor, o Marco era o vice-diretor, e o Marco me chamou para ajudar na área; ele queria fazer uma série de mudanças administrativas. Nós que criamos procedimentos. Eu acabei trabalhando com ele por muito tempo. Todas as partes das planilhas de custos da instituição e foi feita negociação de mensalidades, eu que elaborava. Eu acabei ficando um bom tempo com ele e quando foi criada a estrutura de reitoria, de pró-reitores, de diretores e vice, ele me chamou para compor isso.

 

Pergunta: E continuou como professor?

 

Resposta:

Ainda fiquei um ano dando aula no curso de computação, mas aí é complicado você trabalhar nas duas posições, ainda mais porque dava aula à noite e à noite a gente tem bastante demanda de trabalho e resolvi deixar as aulas.

 

Pergunta: Pode dizer que a sua carreira no final foi se dividindo e acabou na administração mesmo?

 

Resposta:

Sim. Depois acabei entrando no doutorado na FEA, mas não terminei. Fiz os créditos, tudo, depois por problema de prazos, meu pai faleceu, eu acabei desistindo e não conclui. Eu faço direito, estou no segundo ano. Fazia na Uniban e transferi e estou aqui, faço no IMES de manhã.

 

Pergunta: Então você voltou a ser aluno?

 

Resposta:

Sim. É que a gente não sabe, mas é um curso que gostaria de ter feito antes. Acho que é um curso que deveria ter feito antes. É um curso pelo qual me identifico bem mais.

 

Pergunta: Você acompanhou, pelo menos na parte mais administrativa, a expansão do IMES. Dá para contar um pouco sobre isso?

 

Resposta:

Foi um trabalho grande. A isso a gente tem de reputar ao Marco Antônio. Realmente é pelo espírito empreendedor dele que ele percebeu, e isso foi compartilhado por todos os professores, que ia ser difícil se manter como um instituto pequeno, com esses cursos, a concorrência é grande. Ou a gente cresce, chega num patamar diferente, ou vai ser complicado manter a escola pequena como era naquela época. Quando entrei aqui tinha 60 professores e hoje tem mais de 300. Foi uma decisão estratégica e ele saiu para fazer isso através de parcerias com a prefeitura e ele fez essa expansão grande que teve nesse período.

 

Pergunta: Quando foi isso, você se lembra do professor José Eduardo?

 

Resposta:

O José Eduardo foi em 1992, 1993, isso é coisa de 10 anos.

 

Pergunta: O professor Moacir tinha comentado em uma questão embrionária, vamos dizer assim, de uma mudança para universidade desde quando ele era diretor, uma vontade de se transformar em centro universitário, como era o IMES voltado para se transformar numa universidade, porque a universidade chegou, mas é uma busca que o IMES faz há muito tempo.

 

Resposta:

Será que ele se referiu à primeira tentativa que foi feita, porque na época do Moacir, ele entrou com um projeto, quando comecei a dar aula, na década de 90, quando ele entrou com um processo, não sei se de reconhecimento, porque não conheço o aspecto legal, ele entrou com um tipo de uma via. Só que isso demorou muito e essa coisa acabou não saindo. E depois, na gestão do Marco Antônio que virou, porque ele entrou de uma outra forma e acabou vingando, sendo mais eficaz. Mas havia essa atenção na época do professor Moacir sim, de transformar o IMES numa universidade.

 

Pergunta: Já havia uma preocupação do IMES em se transformar em universidade?

 

Resposta:

Já.

 

Pergunta: E nesse tempo mais inicial, os alunos tinham esse tipo de preocupação?

 

Resposta:

Eu acho que não. Eles ainda não sentem a diferença entre uma e outra, a importância.

 

Pergunta: Há dez anos eles sentiam isso?

 

Resposta:

Acho que não havia essa distinção clara entre uma e outra. Por esse lado não havia diferença. Ninguém tinha essa noção.

 

Pergunta: E o IMES voltado para o exterior, voltado para fora, não para nós de dentro, como você vê o significado da universidade e como o IMES está ampliando as fronteiras?

 

Resposta:

Isso é muito positivo. De forma geral a gente percebe que a atuação do IMES é muito consistente ao longo desses anos. Em qualquer lugar que você vá o IMES é sempre bem-visto. A questão da universidade veio para dar mais um passo, para acrescentar. Na seleção que eu tive no doutorado, na entrevista, depois das provas, falar que era do IMES foi bom, todo mundo reconhecia como uma instituição séria, que tem história, não foi criada ontem, como várias escolas. Tem uma trajetória. O IMES sempre foi visto assim. Quando a gente fez o trabalho de acompanhar o estágio junto às empresas, a gente ia às empresas para conversar sobre os estagiários e sempre o IMES teve uma visão positiva. O externo sempre teve uma visão positiva nossa. Eu acho que a universidade vem reforçar mais isso.

 

Pergunta: Para acabar, a gente pede ao depoente que deixe uma mensagem, algum registro que ache interessante sobre a história pessoal, ou sobre o IMES, o que você acha que seja interessante deixar registrado.

 

Resposta:

Primeiro agradecer essa oportunidade. É um trabalho que todo mundo que sai daqui tem falado bem, que é gostoso e é um trabalho importante que seja registrado. Além de fisicamente perto, agora voltei a morar aqui também, porque fiquei 10 anos fora de São Caetano, pois quando casei fui morar em Santo André e voltei há um ano e estou aqui na vila de novo, me sinto em casa. O IMES sempre foi uma extensão. É sempre bom falar, porque acabo tendo uma relação amorosa com essa escola. Acho que todos os professores, a maioria tem essa relação com o IMES, tendo uma relação amorosa com a escola. Amorosa em todos os sentidos, às vezes odeia, às vezes gosta, amor e ódio. Às vezes reclama, mas está sempre ali. É isso. É voltar às origens.


Acervo Hipermídia de Memórias do ABC - Universidade de São Caetano do Sul